quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Orações pelos consagrados



A Igreja reza pela Vida Consagrada
Vem, Espírito Criador, com a graça multiforme,
iluminar, vivificar e santificar a tua Igreja!

Unida no louvor, ela Te agradece
o dom da Vida Consagrada, concedido e confirmado
na novidade dos carismas ao longo dos séculos.
Guiados pela tua luz e radicados no batismo,
homens e mulheres, atentos aos teus sinais na história,
enriqueceram a Igreja,
vivendo o Evangelho no seguimento de Cristo
casto e pobre, obediente, orante e missionário.

Vem, Espírito Santo, amor eterno do Pai e do Filho!

Pedimos-Te que conserves na fidelidade
todos os consagrados;
que eles vivam o primado de Deus nas realidades humanas,
a comunhão e o serviço entre as pessoas,
a santidade no espírito das bem-aventuranças.

Vem, Espírito Paráclito, amparo e consolação do teu povo!

Infunde nos consagrados a bem-aventurança dos pobres
para que caminhem na senda do Reino.
Dá-lhes um coração consolador
para que enxuguem as lágrimas dos últimos.
Ensina-lhes a força da mansidão
para que neles brilhe a Senhoria de Cristo.
Acende neles a profecia evangélica
para que abram caminhos de solidariedade
e saciem expectativas de justiça.
Derrama nos seus corações a tua misericórdia
para que sejam ministros de perdão e de ternura.
Reveste a sua vida com a tua paz
para que, nas encruzilhadas do mundo,
possam falar da bem-aventurança dos filhos de Deus.
Fortifica os seus corações nas adversidades e tribulações;
que eles se alegrem com a esperança do Reino futuro.
Associa à vitória do Cordeiro os que, por amor de Cristo
e do Evangelho, estão marcados com o selo do martírio.

Possa a Igreja, nestes seus filhos e filhas,
descobrir a pureza do Evangelho
e a alegria do anúncio que salva.

Maria, primeira discípula e missionária,
Virgem que Se fez Igreja,
interceda por nós.
Ámen.
(Papa Francisco)




Oração dos consagrados e consagradas

Pai de nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Pai,
acolhe a oração que Te dirigimos.
Olha com benevolência para o nosso desejo de bem
e ajuda-nos a viver com entusiasmo o dom da vocação.

Pai,
que no teu gratuito desígnio de amor
nos chamas, na estabilidade ou na itinerância,
a procurar no Espírito o teu rosto,
faz com que levemos em nós a tua memória:
que ela se torne fonte de vida na solidão e na fraternidade,
para que, nas histórias do nosso tempo,
possamos ser reflexo do teu amor.

Cristo, Filho de Deus vivo,
que percorreste os nossos caminhos
casto, pobre e obediente,
nosso companheiro no silêncio e na escuta,
mantém em nós a pertença filial
como fonte de amor.
Faz com que vivamos o Evangelho do encontro:
ajuda-nos a humanizar a terra e a criar fraternidade,
partilhando a fadiga de quem está cansado
e deixou de procurar,
a alegria de quem espera, de quem procura,
de quem conserva sinais de esperança.

Espírito Santo, Fogo que arde,
ilumina o nosso caminho na Igreja e no mundo.
Dá-nos a coragem do anúncio do Evangelho
e a alegria do serviço na quotidianidade dos dias.
Abre o nosso espírito à contemplação da beleza.
Aviva em nós a gratidão e a admiração pela criação,
faz com que  saibamos descobrir as maravilhas
que realizas em cada ser vivo.

Maria, Mãe do Verbo,
vela pela nossa vida de homens e mulheres consagrados,
para que a alegria recebida da Palavra
encha a nossa existência,
e o teu convite a fazer o que o Mestre diz
faça de nós intérpretes ativos no anúncio do Reino.

Ámen.
(Papa Francisco)



IV Domingo Comum B


Evangelho segundo S. Marcos 1, 21-28
Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!». E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.

Caros amigos e amigas, neste quarto domingo Marcos revela-nos que Jesus é o Mestre da vida e podemos considerar a maravilha de sermos alunos da Sua novidade. Neste processo de aprendizagem, Jesus é a pergunta e a resposta, mesmo quando ousamos dizer: sei quem Tu és…

Interpelações da Palavra
Maravilhados
Na sinagoga escutam-se as respostas pela doutrina da memória, aprende-se oficialmente a lei. Jesus consegue o feito de maravilhar os corações dos judeus. Não sabemos os conteúdos que foram ensinados pelo Mestre, sabemos apenas que não ensinava como os escribas, os “melhores”, que ensinava com autoridade e de forma surpreendente. Há algo de diferente e novo nos ensinamentos de Jesus. Liberto da escravidão das instituições e das tradições, ensina com a sabedoria do Espírito. Hoje, não é fácil maravilhar-nos com os mestres. A epidemia das palavras adormeceu a capacidade de nos surpreendermos por “alguma novidade”. E, o que hoje é novidade, amanhã “passou de moda”. Andamos, muitas vezes, escravos dos tempos e das notícias do dia, que apenas aplacam a nossa curiosidade mas que em nada tocam o fundo do coração e da vontade. Será que Deus ainda nos maravilha, será que nas sinagogas da vida ainda deixamos que Jesus nos ensine?

Cala-te!
Naquela aula, na sinagoga de Cafarnaum, um dos alunos mostra-se “irreverente”, não suporta o Mestre, está aterrorizado. Nunca os ensinamentos dos escribas o perturbaram e agora “este” mestre vem “para nos perder”. Mas Jesus não vem para arruinar ninguém, vem para curar, dar vida, libertar e lançar em cada um de nós a semente de felicidade, naqueles que “gritamos dentro de nós espíritos impuros”. Jesus cala em nós as vozes do queixume, da derrota e do desânimo, cala as cadeias do medo e o cinzento da solidão, cala as vozes das hostilidades para com os outros... e não cala para simplesmente silenciar, mas para abrir, dentro das sendas do silêncio, novos canais de comunicação, impregnados do Espírito de Deus. A lição do mestre cala e cura, liberta.

Uma nova doutrina…
Jesus talvez tenha novos conteúdos, ou novos métodos de ensino, é mestre de uma doutrina que cura e cria novos mestres. A autoridade de Jesus não é poder, mas a força do Espírito e a Palavra da Vida. Jesus não impõe as “suas teorias” nem controla os nossos conhecimentos sobre Ele. Jesus ama, quer aliviar o sofrimento, curar as feridas, construir a paz, ensinar a comunhão. Hoje, precisamos de mestres de amor, professores de bondade que libertem corações. Todos somos chamados a ser alunos da escola de Jesus. Deixar que Ele cale os nossos “espíritos rebeldes” e nos torne anunciadores de uma nova doutrina. Discípulos-missionários porque libertos pela Palavra e curados pelo fogo do Espírito Santo. Urge comunicar a Sua mensagem, não as nossas tradições. Temos que curar a vida, não formatar mentes. A mensagem de Jesus continua a provocar impacto e a curar o mais fundo dos corações. Deixemo-nos ensinar e seremos instrumentos da doutrina sempre nova do Evangelho.



Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Jesus Nazareno, que assumes a precariedade dos nossos nomes e lugares
quero assumir em Ti, e a partir da tua identidade, o que sou e o que me chamas a ser;
Tu tens que ver comigo, por isso não deixes de me olhar!
Santo de Deus, que vens ao mundo para revelar a identidade de Deus que é amor,
quero contigo aprender a pronunciar o doce nome do Pai Celeste.
Ensina-me a arte de cuidar da minha divina filiação!
Mestre da doutrina do amor,vens ensinar-nos a viver segundo os critérios de Deus,
quero frequentar a escola da tua Palavra e deixar que as tuas lições me modelem,
deixa-me tomar parte integrante da tua notícia que se propaga como atmosfera vivificante.

Viver a Palavra

Vou dar-me conta de quantos “espíritos impuros” gritam dentro de mim e suplicar o Espírito de Deus.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

III Domingo Comum B


Evangelho segundo S. Marcos 1, 14-20
Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram Jesus. Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco a consertar as redes; e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados e seguiram Jesus.

Caros amigos e amigas, neste Domingo a passagem do “olhar de fogo” volta a enfrentar esperas acomodadas, a levantar ideais, a acender percursos. O olhar de Jesus que vê, faz estalar o Reino de Deus no ambiente. Somos convidados a pertencer-lhe, para isso precisamos de aprender a ser discípulos, seguindo Jesus.

Interpelações da Palavra
Cumpriu-se o tempo… arrependei-vos e acreditai
Ainda hoje há homens e mulheres que esperam; há outros que permitiram afundar as rugas do cepticismo e deixaram envelhecer a esperança! Uns entorpecidos pela preguiça ou o cansaço de peregrinar, outros amarfanhados pelo peso das próprias ambições, outros feridos pela indiferença. Jesus passa pela praia… traz um olhar e uma palavra nova: cumpriu-se o tempo! Mais do que um fim do mundo, trata-se de um início onde é possível sondar o novo!
Hoje Jesus continua a passar pela nossa praia, e diz-nos para nos arrepender e acreditar. Arrepender-nos de quê? perguntamos, ufanos de obras notáveis! E uma consciência do que somos responde que só disponíveis para crescer somos capazes de sondar o novo, só conservando alguma infância somos capazes de acreditar. Deus pede-nos para acreditar e isto mais não é do que pedir-nos uma confiança no seu amor. Só aquele que não encerra o futuro na sua autoafirmação tem capacidade para o decifrar. O hoje já não é um produto dos nossos esfalfados ontens, mas o fluxo da misericórdia de Deus que não cessa de amar. Acabou o mundo em que eramos nós o centro, esgotou o tempo que desbaratávamos em disputas, caducou a energia que nos alimentava instintos. Os passos de Jesus rasgam-nos sendas em que encontramos o outro, em que nos partilhamos sonhando a comunhão, em que construímos a paz. É o Reino!

Mudança de pesca
O objectivo de tantos e de tantas é a conquista da notoriedade. De facto quanto nos agrada ser vistos e considerados. Mas Jesus oferece este conforto a todos, sem que tenham de lançar mão de excentricidades. Jesus viu! O nosso Deus é um Deus que vê, porque Deus é amor e o amor dá um olhar omnividente!
Jesus viu e chamou aqueles homens, pescadores de peixes, para uma nova pesca. Sempre somos pescadores de alguma coisa. Aqueles lançavam as redes ao mar, que o mesmo é dizer lançavam os seus sonhos, as suas ambições, a sua fome de alimento. Mas Jesus corrige a trajectória do seu olhar. Agora eles são convidados a cravar os olhos no mar da humanidade, a navegar na ondulação das relações, enfrentar os ventos agrestes das suas dores, a mergulhar na profundidade das suas esperanças. Pescadores de homens, sondarão naufrágios, auscultarão correntes, pescarão alegrias, devolverão bonanças. O olhar de Jesus é pedagogo. Os discípulos sentem-se “vistos”, amados e escolhidos pelo olhar do Mestre e é assim que eles são enviados a ver, a amar e a escolher os concidadãos do Reino.

Seguiram Jesus
Causa impressão este automatismo de cada um daqueles pelos quais Jesus passa. Jesus viu, diz Marcos, e depois chamou e, de imediato, eles O seguiam. Que magnetismo teria o olhar de Jesus? O que nos falhará a nós que nos afadigamos em pastorais árduas, sendo tão raro lograr um assentimento sério em assiduidade e compromisso?
Precisamos de deixar que o olhar de Jesus derrame nos nossos olhos o brilho de encanto pelo Reino. Precisamos de transpirar o Reino no nosso suor, precisamos de derramar as palavras de Deus forjadas nos silêncios fecundos do encontro com Ele. Amigos e amigas, deixemo-nos abraçar pelo olhar de Jesus, alcançados pela sua interpelação, seduzidos pelo seu convite. Ele acredita em nós, cabe-nos acreditar n’Ele para ser proclamação do seu Evangelho!



Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, na urgência do agora, convidas-me à mudança de mim e ao abandono à Palavra.
Neste mar, onde teimo a margem, sei que me vês lançar o medo e a rotina
porque não sonho, mas Tu acreditas em mim, continuas a sonhar-me
e chamas pelo meu nome para ser mais e deixar a margem.
Neste mar, onde teimo o barco, sei que me vês agarrado ao dever e ao velho
porque não ouso, mas Tu acreditas em mim, continuas a apostar em mim
e envias-me na missão de “pescado” ser pescador. Deixarei a margem e o barco?...

Viver a Palavra

Vou desvendar as “seguranças cómodas” que me impedem da aventura da missão.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

II Domingo Comum B


Evangelho segundo S. João 1, 35-42
Naquele tempo, estava João Baptista com dois dos seus discípulos e, vendo Jesus que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus». Os dois discípulos ouviram-no dizer aquelas palavras e seguiram Jesus. Entretanto, Jesus voltou-Se; e, ao ver que O seguiam, disse-lhes: «Que procurais?». Eles responderam: «Rabi – que quer dizer ‘Mestre’ – onde moras?». Disse-lhes Jesus: «Vinde ver». Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Era por volta das quatro horas da tarde. André, irmão de Simão Pedro, foi um dos que ouviram João e seguiram Jesus. Foi procurar primeiro seu irmão Simão e disse-lhe: «Encontrámos o Messias» – que quer dizer ‘Cristo’ –; e levou-o a Jesus. Fitando os olhos nele, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas» – que quer dizer ‘Pedro’.

Caros amigos e amigas, este delicioso texto traz-nos o encanto que eclode no início de algumas histórias de amor. Quanto nos podemos rever nestes discípulos fascinados pela força de um olhar! Para mim e para ti é hora de regressar àquele momento que conserva intacto o motivo da nossa felicidade: sentir-nos amados por Ele!

Interpelações da Palavra
Cruzamento de olhares
Nesta pequena passagem impressiona o número de vezes que é referido o verbo ver nas mais diversas conjugações. É o olhar atento de João, o olhar ávido dos discípulos, o olhar penetrante de Jesus. Quase sempre é a partir de um olhar, de uma mínima cumplicidade que se desenrolam as mais belas histórias de amor. O olhar é a janela mais generosa do ser, de onde derramamos o que somos e onde entra a primeira letra de qualquer narração. Aquela hora de luz fica registada nos autos mais perenes da nossa memória, quando a fagulha de um olhar nos faz compreender quem somos e para onde estamos chamados. Que bom que João não sofria desse devastador “Alzheimer” espiritual que endurece o coração de cepticismo! Lembrava-se bem dessa hora única na sua vida, esse ponto de fogo! Lembrava-se que fora às quatro da tarde, hora perigosa em que o sol quase tombava nos montes, e o crepúsculo ameaçava trazer as trevas, em que a certeza da luz unicamente se concentrou naquele Rabi que o Baptista anunciara como o “Cordeiro de Deus”.

O desejo de permanecer sob um olhar
À pergunta de Jesus, os discípulos parecem desconversar, respondendo com outra pergunta atrevida, talvez pretexto para uma aproximação mais comprometida. Como se fosse um receio humano a precaver-se da insegurança que um exterior sempre provoca. É ousado, indiscreto mesmo, perguntar a alguém onde mora! É como se nos insinuássemos como hóspedes a alguém. A morada de Jesus corresponde a um espaço de intimidade que afinal os discípulos desejam entrever, participar e… não há descrições cabais, apenas a experiência lhes pode bastar. E sim, Jesus convida-os à experiência da sua morada. E ficaram com Ele nesse dia. Esse dia era a sua vida! Porque é diferente ter uma morada ou tê-Lo a Ele como morada. O que eles desejavam era encontrar esse espaço, íntimo e recatado, onde pudessem permanecer sob o caudal dos Seus olhos. Ali, onde teria origem a alegria, onde regenerariam as forças. Não importava que fosse um telhado ou antes um céu, onde as estrelas ou o sol lhes dissessem segredos; não importava que fossem paredes ou apenas as cores do frio e do calor que os aconchegassem do relento subjugador da arbitrariedade. Era naquele olhar que sentiam um abrigo para a sua insegurança. Era aí que desejavam permanecer!

Testemunhos incendiados
A experiência de Deus não é coisa de guardar em stock. Ela queima por dentro! A experiência de Deus faz-nos explodir de nós mesmos. Neste texto, Jesus é apresentado através de uma cadeia de testemunhos. De João Baptista passa aos discípulos, destes a Pedro… João Evangelista escreve para nós. É maravilhoso pensar que o Nome de Jesus nos foi legado, de boca em boca, através dos séculos e que herdámos, com o Nome, vivências de fé e de santidade sobre as quais caminhamos… porque o discipulado não se consuma enquanto Jesus não nos olha nos olhos para nos revelar o nosso próprio nome! Como André a Pedro, aqui está o grande objectivo da transmissão do nosso testemunho: fazer discípulos de Jesus. A maior expressão de caridade que podemos ter é anunciar a alegria de ter encontrado Jesus e que Ele é o “Cordeiro de Deus!” é sermos perfume e sabor, melodia e cor, textura do Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor da interpelação, da pergunta e da proposta,
Porque Te procuro, porque me chamas, porque me olhas?
Senhor da interpelação, da pergunta e da proposta: os Teus olhos viram os meus,
tocaram a cor do meu (in)finito, descobriram a minha identidade;
as Tuas palavras disseram o meu nome, questionaram o meu “quem”,
desenharam um sentido de mim; a Tua morada é o espaço do meu seguir,
a meta e a partida, anseio do meu coraçação peregrino. Eis-me aqui…

Viver a Palavra

Vou descobrir sinais da procura de Deus por mim.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Batismo B


Evangelho segundo S. Marcos 1, 7-11
Naquele tempo, João começou a pregar, dizendo: «Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias. Eu baptizo na água, mas Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo». Sucedeu que, naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi baptizado por João no rio Jordão. Ao subir da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito, como uma pomba, descer sobre Ele. E dos céus ouviu-se uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado, em Ti pus toda a minha complacência».

Caros amigos e amigas, com o Baptismo do Senhor terminamos o ciclo do Natal e ali, junto do Jordão onde com Cristo fomos baptizados, somos convidados a escutar a Palavra que “se fez carne e habitou entre nós”. Este Evangelho ajuda-nos a entender quem é Cristo e a sua missão e quem é o Cristão e a sua missão.

Interpelações da Palavra
Mais forte do que eu…
Bem sabemos a quem é que João Baptista se refere. Quando fala em “mais forte do que eu” não se refere aos soldados, nos seus trajes bélicos, que o visitavam com perguntas pertinentes; ele não se refere à astuta Herodíades que tramava projectos para o eliminar; ele não se refere à sensual Salomé que obtinha prémios com as suas danças provocantes; ele não se refere ao volúvel Herodes que, com apenas uma ordem, ceifa uma vida. Amigos e amigas a força de que fala João nem está no armamento, nem na astúcia, nem na provocação, nem no poder. João Baptista não teme estas “forças” ambíguas e fugazes. A força a que ele se submete é a verdade, a força desenhada pelo Espírito Santo, naquele que é o Filho do Altíssimo.
João vê em Jesus o vencedor de todas as formas de força temporárias, vazias e inúteis. Ele representa a força definitiva. A força (afinal!) frágil de Deus… a força e o poder indestrutíveis do amor.

Ele veio de Nazaré da Galileia
Jesus vem de Nazaré, dessa terra marginal e sofredora, de onde ninguém pensa que possa surgir “coisa boa”. Em Jesus, que vem de Nazaré, Deus pisa os nossos caminhos alienados pela injustiça, sangrados pela violência, feridos nas chagas dos pobres, dos mal-vistos e dos mal-amados. Deus visita o seu povo que O anseia “como terra árida sequiosa”! Os caminhos de Deus passam a ser os caminhos da humanidade. Jesus pisa o mesmo trajecto que pisam os pecadores até ao rio Jordão em busca de uma purificação, de uma palavra, de um gesto que os faça regressar novos e disponíveis para a esperança… O rasgar dos céus confirma essa proximidade de Deus. Ele confirma o que já tinha dito a Moisés no Horeb: é um Deus que “vê, que ouve e que desce”. Ele derrama-se do seu Céu longínquo e inatingível, na nossa terra esquecida, árida e sem sabor para a fecundar de vida nova. Por isso, não mais a nossa terra, a nossa Nazaré, onde desenhamos os passos de cada dia, poderá ser amaldiçoada, nem considerada infecunda! Se vivermos d’Ele os nossos passos serão sementes!

Filho muito amado
No seu desígnio de nos ajudar a descobrir quem é Jesus, Marcos fotografa este momento em que o próprio Pai do Céu apresenta o seu ungido, O unge publicamente com o óleo do Espírito de Amor. A humanidade de Jesus, que é também a nossa, é modelada com as mãos feitas de voz e de amor. Esta declaração é fonte de uma esperança imensa: se Jesus é o “muito amado”, Ele também será Aquele que muito ama. É como um incêndio que se comunica. O amor de Deus jamais deixará de tomar o mundo e aqueles que nele habitam.
Na última frase do texto está reeditada a imagem da criação. Jesus é a nova criação. Jesus é também o novo Sinai, o depositário da Nova Aliança. Os céus e a terra, as realidades que nos tocam as mãos de todos os dias e os mistérios que os nossos sentidos não podem atravessar ficaram com a tonalidade da Voz amante, ficaram com a ondulação imprimida pelas asas leves o Espírito, subtileza incorpórea, ficaram com o sabor dulcíssimo do Amado. Por isso é que, amigos e amigas, vivemos imersos, respiramos a atmosfera do Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor Jesus, ungido do Pai, acolho em deslumbramento o enlevo do Pai por ti!
Primogénito de toda a criatura, te rendo graças porque pisas os meus caminhos!
Senhor Jesus, primícias da nova humanidade, Tu és a aposta e a resposta do meu peregrinar!
Filho muito amado, Tu fazes-me experimentar contigo o abraço amante do Pai…
Esperança da nossa humanidade, mantém em mim acesa a consciência da tua presença.
Cordeiro que tiras o pecado do mundo, acolhe as minhas mãos que se expõem à tua misericórdia!

Viver a Palavra

Vou considerar a minha dignidade de filho amado do Pai celeste.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Epifania - B


Evangelho segundo S. Mateus 2, 1-12
Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.

Caros amigos e amigas, Deus quer manifestar-se a todos, não se guarda, não se esconde. Na Epifania do amor, encontramos Aquele que a nós se revela, o Presente de todos os presentes.
Interpelações da Palavra
G(uiados) P(ela) S(tar)
Os Magos, vindos do Oriente, descobrem na escuridão da noite o brilho da estrela, contemplam a luz e deixam que ela seja sinal. Na esperança, recheada de esforço e mistério, caminham na procura e perguntam pela razão daquele sinal, o Rei que acaba de nascer. Hoje estamos mais acostumados a deter-nos na escuridão dos nossos horizontes que no olhar maravilhado dos pontos luminosos do nosso caminho. Em todos os momentos da história há certamente pontos de luz, que nos orientam por entre encruzilhadas, nos lançam na aventura de rasgar fronteiras e mantêm em nós viva a sede de procurar o porquê da luz, a razão do sinal. Precisamos ousar a obediência ao Espírito, deixar-nos G(uiar) P(elo) S(pirit), actualizando-o constantemente na Palavra que é sempre viva e eficaz. Não permitamos que os sinais passem por nós sem que nos “fecundem” ou movam, deixemo-nos permear pela presença de Deus nas nossas vidas, Ele vem mesmo até nós.

Notícia que perturba
Esta notícia de um Deus que se faz criança ameaça o cálculo e a estratégia dos “supostamente” seguros. A atitude de Herodes, que procura matar e não adorar, é ainda hoje atual, há tantas formas de matar… Herodes não é capaz de adorar, de reconhecer o Rei, porque é «incapaz de Deus». A notícia de Deus em nós mexe as nossas certezas e vem sempre de alguma forma obrigar-nos ao “contra-ataque”. Deus não quer “jogar” connosco, apenas oferecer-se como proposta de felicidade na proximidade do encontro e na simplicidade maravilhosa do amor. Mas sim, perturba-nos imenso um Deus que ameace os planos definidos pelo nosso egoísmo e orgulho. E no entanto, o Rei que acaba de nascer manifesta-se sem defesas, porque nos quer defender, sem abrigo porque nos quer abrigar, sem riqueza porque nos quer enriquecer…

Com a estrela até à Estrela
No apelo do coração, talvez nostalgia de Deus, os Magos seguem a estrela que os conduz até à Estrela, à luz sem ocaso, ao presépio onde tudo é luz, Maria, José e Jesus. Também somos Magos desta Estrela que nasceu e aclara a noite de cada tempo. Há muitas estrelas que pouco ou nada brilham na nossa noite. A certeza do amor é a única força de salvação, a única Estrela capaz de dar cor ao nosso livro. Também somos Magos, viajantes curiosos e famintos de luz; sintamos a alegria do encontro, da meta do chegar a quem primeiro nos procura; abramos a porta para entrar neste regaço de ternura e afeto que nos ensina a fraternidade; prostremo-nos para adorar o mistério de Deus presente, o verdadeiro Presente, com um coração admirado e agradecido; arrisquemos oferecer-nos, dar-nos, abandonar-nos Àquele que se manifesta em cada página e se revela notícia, o Evangelho.

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor Jesus, estrela da minha noite, do deserto e da procura, só Tu me podes guiar até Ti…
És Tu quem me ofereces o ouro da riqueza da Eucaristia e da Palavra.
És Tu quem me entregas o incenso da vida que se refaz e cresce em Ti.
És Tu quem me confias a mirra da cura do sofrimento, a solução da cruz.
Senhor Jesus, estrela das estrelas e luz da luz, ensina-me a adorar-te confiante
e a ser sinal do Teu brilho de amor.

Viver a Palavra

Vou encontrar pontos de luz na minha procura de felicidade.